
Eviscerada jaz a ave no asfalto
Vazia como uma ou outra tarde
Nada nela doi machuca ou arde
A paz está no chão e não no alto.
Pois voava outrora angustiada
O céu azul demais , demais vazio
Vazio o ninho tão distante e frio
Esperando as primaveras, o tudo e o nada.
Cessou a espera embaixo de um pneu
Num dia logo apos a madrugada
Quando o destino já não é mais meu.
E fico aqui sem esperar, coitada
Morrendo de inveja fico eu
Da ave no asfalto eviscerada.
(Carolina Veríssimo, dedicado a P.)