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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Igual ao Pó

Idêntico no prazer imediato
Também igual quando o prazer termina
O mesmo vazio, todinho ingrato
Igual ao modo com que viro a esquina
Igual na física insignificância,
Na dor então,o mesmo exato
Igual se desfazendo na narina
e pra desapertar do peito o nó,
Eu quero comparar-te igual ao pó.

Carolina Verissimo

Cantares do Sem Nome e de Partidas

de Hilda Hilst

Que este amor não me cegue nem me siga.

E de mim mesma nunca se aperceba.

Que me exclua do estar sendo perseguida

E do tormento

De só por ele me saber estar sendo.

Que o olhar não se perca nas tulipas

Pois formas tão perfeitas de beleza

Vêm do fulgor das trevas.

E o meu Senhor habita o rutilante escuro

De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente

E farta de fadigas. E de fragilidades tantas

Eu me faça pequena. E diminuta e tenra

Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

(I)

(HILDA ME INS-PIRA)

domingo, 25 de setembro de 2011

Barulhos

Não há provas, nem evidências, nem testemunhas
Eu solitária aqui roendo as unhas,
Não permaneço, não fico e não morro.
É mudo e agoniado meu pedido de socorro.
Um punhado de areia entre os dedos
Uma coletânea triste de medos
Um suportar, estremo e agoniado
De dias muito cáusticos e pesados.
O amor é vão, amarelinha na calçada ...
Que vem a chuva e o transforma e nada.

Carolina Verissimo