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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Velhice Precoce


"

Jurei mentiras
E sigo sozinho
Assumo os pecados
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido...

Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Uh! Uh! Uh! Uh!
Minh'alma cativa...

Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo...

E o que me importa
É não estar vencido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Minh'alma cativa..."

(Ney Matogrosso)

Porque a letra dessa música hoje? Eu nem era nascida quando esse disco saiu, mas hoje me sinto nostálgica, com dores nas costas e de chinelo e meia falo sobre o meu sentimento de velhota nessa tarde.
As vezes acho que todo mundo sente saudade das coisas que gostaria de ter vivido e não deu tempo. Da onde vem essa nostalgia primária é que desconheço. É meio clichê mas todo mundo á teve arrependimento pelo que não fez e saudade de um tempo que não chegou a presenciar.As pessoas dizem que aparento menos idade que tenho, mas sinto como se eu fosse muito mais velha.Vivida, experiente com uma eterna sensação de dejavü... tipo aquela pessoa que prevê os namoros que estão fadados ao fracasso, as pessoas que estão metendo s pés pelas mãos antes delas próprias pelo simples fato de que já fez muita cagada.
Tenho uma conhevida que diz " tenho 38 fora as horas extras..." isso traduz meu estado de espírito com relação a idade e vivência.
Sofro de velhice precoce, não aquele grau em que a pessoa aos vinte anos está em casa tomando sopa e vendo a reprise do último capítulo da novela num sábado a noite e com a casa toda trancada por medo de assalto... Mas em um grau em que eu simplesmente consigo antever as coisas e aconselhar os outros... o que torna os dias comuns mais ou menos muito chatos.
Envelhecer precocemente nos torna meio que permanentemente entediados.
Mas tambem que se viveu com horas extras, que se engoliu todos os prazeres e as loucuras sem imaginar que se ficaria sem assunto tão cedo. Como ler um livro rápido demais e ficar sem nada pra fazer o resto do fim de semana... quando se conforma a gente veste o pijama e quando não se conforma fica tentando beber uns goles da juventude alheia.

(Carolina Veríssimo)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu também me senti uma melancia.



Sabe o romance da Marian Keyes chamado Melancia? Pois é, comecei a lê-lo ontem e fui às lágrimas ao ler nele uma outra versão da minha própria história de separação pós-parto. Revivo com uma intensidade que não me permiti na minha própria vida, o drama de Claire, a personagem central, que no dia em que o filho nasce se separa do marido James quando o mesmo a comunica do caso que mantém com a vizinha de baixo.
Nessa parte a história é um pouco diferente da minha, foram outros os meus motivos e diversa a maneira como a coisa se deu, mas me surpreendi com a exatidão em que a personagem descreve como se sente:uma melancia, redonda, verde, enorme e cheia de água...sem entender patavinas da bagunça que foi feita em sua vida.
Claire (a protagonista) descreve o quanto se sente perdida, como se fosse pior que se lhe tivessem arrancado um braço ou uma perna e fala da dor da perda num momento onde estamos programadas para sermos cuidadas e não para lidar com um fim de relacionamento seja por abandono (no caso do livro) ou inaptidão para continuar engolindo sapo (no meu).
Foi um choque muito grande ter que lidar com as minhas próprias emoçoes descritas em um best seller e mais chocante ainda o quanto eu não permitira passar pelo processo de luto pela perda e ficara me fazendo de forte todo o tempo.
Fui para terapia, academia, voltei logo ao trabalho, dediquei-me o melhor possível minha pequena Isis para não olhar o quanto aquela sensação de perda me era desconfortável, então eu não me permiti ser uma mulherzinha e sofrer "por aquele um" (pelo menos não publicamente) e me dediquei a me fazer de forte e declarar aos quatro ventos que estava tudo bem. Eu precisei de um livro pra me fazer declarar meu luto pelo fim de um sonho, da minha decepção, da minha sensação de impotência.
Venho entendendo pouco ao pouco que não se deve envergonhar por não ser de ferro.
Eu optei pelo amor próprio e segundo a presonagem de Marian "O amor próprio não mantém você aquecido a noite. O amor próprio não escuta você no fim de cada dia. O amor próprio não lhe diz que prefere fazer sexo com você do que com a Cindy Crawford."
Mas o amor próprio faz você sobreviver sem tudo isso e se orgulhar depois.
Coisas de melancia: casca grossa e água por dentro.
(Carolina Veríssimo)

sábado, 22 de maio de 2010

Incubus & Sucubus ( ou sobre desejos perversos)



(INCUBUS E SUCUBUS: lenda medieval sobre demônios que invadem os leitos e praticam sexo com as pessoas.Não sou satanista, mas achei o tema deveras excitante. Por isso escrevei esse poema,sobre todos os nossos desejos demonizantes e demonizados que são tão bons que teimamos em não exorciza-los.)

Sou concubina de Incubus
No meu próprio bordel astral
Escrava das fantasias
Do meu inferno carnal
Sofro injúrias, escárnios
Todos farão de mim
Das mil fraquezas que tenho
Arranco forças sem fim.
Temo a serpente vermelha
Que se apossa do meu ventre
Se enxergar a porta aberta
Amigo favor não entre.
Em silêncio essa noite
Nada fará mais mal
Sucumbo bela Sucubus
Ao meu instinto animal.

Carolina Veríssimo

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cognac


Preciso anotar-te antes que fujas
Aprisionar-te em palavras
Maldito sejas! me consomes...
Expio meus pecados e os de todo mundo
Esqueço e se não te houvesse aprisionado
Não duraria em mim sequer um segundo.
Submeto-me aos desejo insano e desleal
Submeto-me ao que sei que me faz mal.
Um cigarro no outro eu sempre acendo
E de me consumir eu nunca me arrependo
A noite deixo entrar em mim pouco a pouco
Enquanto me conveço que não estou louco.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Intensidades


Intensamente é que trago a fumaça dos teus olhos
e os rasgos da nossa realidade de madrugada.
Te compro doces, te limpo o nariz e te explico o que é vanguarda.
Não chego a altura dos teus ombros e não passas de um menino grande.
Não sei o que aconteceu a minha rima, não sei onde perdi meu maço de metrificados
me vê o seu isqueiro por favor?
Hoje não quero mais que andar contigo fora da calçada, quero a tua admiração assustada.
quero teu corpo pra violentar com todo meu amor que apodreceu.
Te odiaria se tu não me inspirasse ao menos uns versos.
(Carolina Veríssimo 16/05/2010 para M)

Elementar


Sou parte elementar e meio etérea De natureza um tanto quanto aérea Me perco as vezes em qualquer lugar. Do tanto elementar de que sou feita Terra,fogo, água e ar Quem poderia então imaginar Que belos frutos, que farta colheita! Meu outro tanto, o tanto pensamento Cultua não as estações mas sentimento E é mais fértil que a porção falada. O lado pensamento alado voa Enquanto o lado Eva, cultua e vive e ama e sente e sofre todos os ciclos.

(Carolina Veríssimo 16/05/2010)

domingo, 16 de maio de 2010

Relógio Digital


Meu descompassado coração
Estreita tua ausência
Em um abraço com a solidão
O calendário, o cuco, a cama em que tu deitas
A rua em que seguro a tua mão
Nenhuma esquina dobra mais do mesmo jeito
Quando você sorri ou quando diz não.
O relógio digital não marca minha espera
Porque desaprendeu a tiquetaquear
O meu coração em vão já não se desespera
Porque já aprendeu a ver o tempo passar.
Espero um telefonema, um fim de semana
Espero paciente tudo se resolver
O tempo escorrendo feito meu desejo
Eu fico esperando algo acontecer.
O meu coração ainda é de ponteiros
Tem que dar corda, tem que acertar
O meu desejo escorre lento feito o tempo
Que nenhum relógio saberá contar.

(Carolina Veríssimo)

(Achei esse poema uma bosta, com cara de música sertaneja, mas resolvi postar porque não estou me cobrando escrever mais só coisas boas.E o dedico especialmente o ao W.)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Difícil Prática do Desapego


"Você só sabe realmente o que é o amor depois que é amado por um pássaro."

Existem um milhõao de citações, frases e teorias sobre as relações de amor/ felicidade / dependência emocional. Quase impossível não ser clichê.
Quando você se apega a alguma coisa ou indivíduo necessariamente, em algum momento você sofre, porque nós não estamos preparados para lidar com o fato de a outra prssoa frustrar as nossas expectativas.
Há muito tempo, eu li uma coisa que só recentemente pude compreender o que significa, se chama " ORAÇÃO DA GESTALT" e diz:
"Eu faço minhas coisas, e você faz as suas. Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer."
(Frederick Perls)
De fato é muto mais complicado assumir a responsabilidade pela nossa própria felicidade. É mais cômodo deixar outra pessoa nos fazer feliz, o problema é que a felicidade é uma coisa diferente para cada pessoa,não da pra generalizar, por exemplo, se o fulaninho que quer ser bacharel em direito decide namorar a beltraninha da naturologia, os dois até podem dar certo, de encontrarem um denominar comum, agora se um dos dois quer viver um amor numa cabana e o outro e super cosmopolita a coisa desanda, porque num certo momento a coisa vira um jogo do perde perde, onde cada um, na tentativa de deixar o outro mais feliz se faz mais infeliz e logo aparecem as cobranças:"eu deixei de viajar para ficar com você" ou "você nunca vê o quanto eu me esforço para a nossa relação dar certo".
As pessoas em geral se apavoram com a possibilidade da solidão sem ver esta pode favorecer um momento de criatividade ou os estudos ou até uma busca por um trabalho melhor.
Hoje eu quero me convidar para ir ao cinema, não porque ninguém o faça, mas porque quero apreciar minha própria companhia.
E se aparecer alguém para uma dança, um amor ou sei lá o que eu quero aprender a deixar livre e fazer disso a minha mais pura prova de amor.
Quando se deixa alguem que se ama partir, você tem o prazer de saber depois que ela voltou porque quis.

domingo, 9 de maio de 2010

Tem uma história que ouvi sobre a origem do Dia das Mães que vou recontar aqui da forma como me lembro. Se não me engano foi algo que recebi por email há algum tempo. Conta-se que um publicitário estava quebrando a cabeça para esquentar as vendas fora da época do natal, então ficou pensando em instituir outros feriados em que as pessoas também trocassem presentes. Logo pensou , se comemoramos o aniversário de Jesus poderíamos comemorar o aniversário dos apóstolos, que eram doze então teríamos 12 natais, um por mês, entusiasmado apresentou a idéia a seu superior, que achou uma merda, então voltou indignado para sua sala pensando "onde é que eu vou arranjar mais dinheiro pra aquela velha cretina perder nos cavalos???", então ele criou o dia das mães.

Diálogo ocorrdo entre eu e uma pessoa por telefone:
_Eu queria me redimir contigo...
_ Tem milho em casa?
_ Que?
_Milho... de pipoca. Tem?
_ Tem porque? que vir aqui comer pipoca?
_ Não, joga o milho no chão, ajoelha em cima aí eu te desculpo....

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PEN DRIVE



"OUSE POIS O INFERNO PERTENCE APENAS AOS MEDÍOCRES."

"Nunca vi um débil mental hesitar, todo imbecil é convicto. O inteligente não tem certeza de nada."
(Oswaldo Montenegro em entrevista a revista Trip)

Eu espero realmente que mediocridade não seja sexualmente transmissível e nem contagiosa por vias aéreas.
Acho que não é... é como um cheiro de esgoto a céu aberto mas se você passa por ali e vai embora não se contamina, e se tiver que ficar perto basta tampar bem o nariz.
Quando se é fora da média tem-se dificuldade de entrar numa calça (se o que estiver fora da média for a bunda) ou em ambientes, se o que tiver ocupando muito espaço for a cabeça da gente.
As vezes tenho a sensação de as mãos estarem fazendo algo que precisa ser feito mas a cabeça está fluindo em outra frequência, ou com aquele refrão maldito que não sai de lá de dentro da caxola, ou a vontade de fazer um desenho, ou uma pessoa, ou mesmo a dúvida cruel se deixou a luz da cozinha acesa ou apagou.
Quem me conhece um pouquinho aprendeu a diagnosticar esse estado e normalmente diz algo do tipo "por onde está voando Carol?"ao que normalmente eu respondo um lacônico "nada" ou mesmo "que???" e volto a pensar se o celular deve ter ficado sem bateria ou o que.
Tem um livro do Paulo Coelho, que fala sobre isso e chama esse fenômeno de segunda mente mas agora não recordo qual é o livro.
Essa outra frequência em que a cabeça da gente trabalha e faz tudo com o nosso disco rígido enquanto levamos nossos pensamentos mais criativos num tipo de pen drive (para ouvir música escondido).
Então enquanto fazemos um relatório chatíssimo, por exemplo, em algum lugar da nossa cabeça está tocando Lucy in The Sky Whit Diamonds e conseguimos suportar um pouco melhor o jeans apertado do mundo cotidiano.
Hoje quand0o aquela sua colega estiver contado sobre a joanete dela ou dando o livrinho do Avon pra você ver, vou sugerir um poema do Neruda pra vcoê abstrair na hora.

"Te amo, te amo, é minha canção
E aqui começa o desatino.

Te amo, te amo meu pulmão,
te amo, te amo minha videira,
e se o amor é como vinho
és minha predileção
desde as mão até os pés:
és a taça do depois
e a garrafa do destino.

Te amo pelo direito e pelo avesso
e não tenho tom nem tino
para cantarte minha canção,
minha canção que não tem fim.

Em meu violino que desentoa
te declara meu violino
que te amo, te amo minha violoncela,
minha mulherzinha escura e clara
meu coração e minha dentadura,
minha claridade e colher.
meu sal da semana escura
minha lua de janela clara."

domingo, 2 de maio de 2010

Buraco sem fundo

Nas ocasiões das festas de fim de ano e aniversários da minha infância, após perseguir longamente o prato da linguicinha (praticamente não desgrudar dele) ou comer o trigésimo oitavo brigadeiro, costumava ouvir os adultos dizerem "essa menina tem um buraco sem fundo". E se naquele tempo o buraco do estômago era sem fundo com o tempo outros buracos foram aparecendo muito mais incomensuráveis que um apetite infantil em dia de festa.Inclusive um buraco no próprio estômago afinal tanta consumição ia acabar numa gastrite um dia.
Fico parada na beira do meu buraco sem fundo olhando quantas coisas já perdi dentro dele, namorados, que depois que viram ex ficam todos tão iguaizinhos, já foram o amor da minha vida e depois descobri que nunca me preencheram por completo. Tem coisas ali de todas as minhas fases, da criancinha assustada e torturada pelos irmãos(um irmão, e três irmãs, eu sou a quarta filha e tem uma caçula, faça as contas ao todo 5.) , da adolescente com crise de patinho feio e desesperada por amor, o desespero por amor em diversos outros momentos...
Da garota que pensou já que não sou bonita eu posso ser sexy então serei amada e descambou numa grandissíssima vagabunda até se dar conta do quanto era patética fazendo aquelas coisas com cara de fodona e resolveu se emendar e virou mãe ( com um dos ex namorados iguaizinhos).
Agora o resto que sou de todas as minhas decepções está paradinho na beirada do buracão assustador tentando entender o que faltou de fato naquele espaço, cogitando se ali, naquele aterro sanitário das emoções houvera caído um meteoro ou um tiranossauro rex na pré -história cavara aquilo ali pra enterrar alguma coisa e foi interrompido deixando o buraco ali.
Tudo o que foi colocado dentro do meu buraco caiu e se perdeu lá dentro e agora fico tentando pescar as coisas dentro do meu vazio emocional pra me entender um pouco mais.Melhor seria seo tiranossauro tivesse concluído o serviço.