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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

AN PASSANT

Uma brincadeira de desenhar na areia
Um instante em que uma estrela caiu
(mas ninguém estava olhando)
A garota que ingeriu muitas pilulas para dormir(para assustar os pais)
Sabendo que tomaria uma lavagem estomacal e tudo acabaria bem.
As amnésias muito convenientes
Os orgasmos magestosos
Os pés formigando, as eternas discussões infinitamente repetitivas.
Enfim o cotidiano de um "EU TE AMO" escrito no vapor do banho.
Bom final de semana.

(Carolina Veríssimo)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Interruptor

Tenho olhos de seguir a noite em cada canto escuro
As palavras são o que resta de minha liberdade
Porém deitada nua no chão frio e duro
É que me percebo inteira e já não mais metade.

Indecifráveis são olhares, madrugada
Pois ninguém jamais os compreende
Quando por fim ja não restar mais nada
Uma luz no fundo deles se acende.

Acendo a luz ( o escuro me incomoda)
Apago a tarde e vagarosamente
Fico conformada com os que não me compreendem.

Esqueço os dias (quando lembrar dói)
Danço sozinha e muito lentamente
No devaneio dos que se perderam.

(Carolina Veríssimo, dedicado a P.)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Eviscerada


Eviscerada jaz a ave no asfalto
Vazia como uma ou outra tarde
Nada nela doi machuca ou arde
A paz está no chão e não no alto.

Pois voava outrora angustiada
O céu azul demais , demais vazio
Vazio o ninho tão distante e frio
Esperando as primaveras, o tudo e o nada.

Cessou a espera embaixo de um pneu
Num dia logo apos a madrugada
Quando o destino já não é mais meu.

E fico aqui sem esperar, coitada
Morrendo de inveja fico eu
Da ave no asfalto eviscerada.

(Carolina Veríssimo, dedicado a P.)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

bondage


A podridão dos dias sucessivos
Onde nada nasce ou se renova
Não se planta uma semente em uma cova
Apenas se adoece repetidamente.

O enjoo sucessivo das horas moles
Que escorregadias e capisciosas passam
Me envelhecem traem e me devassam
Acordo pior enfim a cada dia.

Ninguém entende (quem entenderia)
Calo apenas e me anestesio
Espero a morte dia após dia
No meio de um incessante desvario.

(Carolina Veríssimo)

poema fálico


Você me fez sangrar,seu bastardo filho da puta.
Choro embaixo do chuveiro,estou suja, fedendo e sei que não vou dormir.
Sofro tua violência muda, teu desprezo desacelerado.
Dor no ego jogado contra a parede.
Ódio e dentes rangendo
Você não perde por esperar
Não perde por esperar...
Sussurro em meio as lágrimas de orgulho ferido.

(Carolina Veríssimo)

domingo, 22 de agosto de 2010

Arquétipo



Te afago á distância
Uma saudade encaracolada
Cheirando a poeira...
Sussurro teu nome entre as cobertas
Pelas passagens entreabertas
Da minha insônia.
Imagino teus olhos, tuas mãos , teu nada
Enquanto ris ou envolves minha cintura.
Sorrio enquanto me provocas
Me faço frágil, deitada te observo
Apolíneo, dourado com olhos que mudam de cor.
Artemiso calmamente pela tua pele.

(Carolina Veríssimo)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Os pés no piso frio
(tu vai ficar doente)
eu devagar sorrio
um riso reticente.
enquanto estalo os dedos
ou mexo nos cabelos
falando de astronaves
ou coleção de selos.
ás vezes até me iludo que
você prestava atenção em mim
as vezes quando eu perceber
tão longe eu fui por fim.
nem calos nos pés
nem mesmo sapatos
nada vai resistir
a verdade dos fatos.
eu tentei te mostrar
um poema em carne viva
mas você sempre nunca
prestou atenção em mim

(Carolina Veríssimo)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Auto análise


Parece que aos poucos vamos ficando cansados de gritar e olhando mais para nossas próprias cicatrizes.Creio que deixar de olhar o mundo com revolta e passar a olhar com revolta a si mesmo é um movimento natural do ser humano.
Ocupamos mais nosso tempo com nos consolar pelas nossas perdas e pelos nossos danos que muitas vezes somos nós (não conte a ninguém) que causamos.
As vezes olhamos estupefatos que na frente do espelho a gente envelhece dentro de roupas baratas sem saber mais o que é de bom tom sentir a respeito da vida.
Sem saber mais a palavra que falta vamos optando pelo silêncio até esquecermos o som da nossa própria voz...
O cansaço chega e fica como aquela tia que vem para uns dias mas traz uma mala enorme e se instala, ocupa os armários e os espaços e vai ficando por preguiça que tem de partir.
O espelho restou para eu poder olhar que de tudo o que passou ficamos só com as marcas que sobram para nos lembrar que não deveríamos mais cometer os mesmos erros. Mas quem foi que disse que todo mundo passa de ano sem recuperação quando tem de aprender essas coisas?
(Carolina Veríssimo)

terça-feira, 27 de julho de 2010

HOMENS DO MERCADO



Os homens do mercado com suas roupas de linho, hálito de deserto e corações de narguilé observam a passagem dos transeuntes em frente as suas lojas. Vêm de longe, onde não há meninas de umbigo de fora pelas ruas, onde o sol castiga de dia, o frio a noite e a guerra de tempos e tempos. Falam na sua língua "que deus te abençõe" ou então "estava escrito" e conformam-se que as coisas simplesmente são como tinham de ser. Observam a cidade que cresce ao redor das suas tradicionais lojinhas de vender tudo, têm olhos bonitos e suas mulheres dançam para eles no segredo das alcovas uma dança muito antiga.
As mulheres dos homens do mercado chamam nossos olhos quando andam na rua de véu mostrando só os olhos, muito mais do que os umbigos das meninas daqui...incrível a capacidade que olhos tem de expressar mais do que umbigos quando mostrados.
Enquanto as pessoas vão para os seus trabalhos através das ruazinhas do centro, os homens do mercado conversam na sua língua antiga como se estivessem postados ali há séculos, antes do aterro, antes do cheiro de peixe, antes do próprio mercado ou cidade.
Os homens do mercado com seus hálitos de deserto e corações de narguilé que parecem ser mais antigos que o próprio tempo...
(Carolina Veríssimo)

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Você e esses seus olhos de dias quentes
À espera de uma oportunidade somente
De despedaçar a todo instante
Fazer sangrar algum descuidado errante.

Espreita-me por de trás das ruas
Adivinha meus passos nas mãos tuas
Controla minha mente (e o que restou da alma)
Faz tudo isso sem perder a calma.

Arregaça as mangas e o meu instinto
Forçada a cruel verdade já não minto
Verdade cruel assim como carne crua
Como a que cobre minha ossada nua.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Espera


Há uma parte de mim que definitivamente ainda sonha e espera que algo de muito especial aconteça dia após dia, o problema é que normalmente não sei onde deixo essa parte e permaneço descrente, tosca e boicotando sempre a mim mesma.
E isso é algo que somente eu poderia resolver.
Fico sentada na varanda da minha vida presenciando a mediocridade dos dias, o vazio dos amores que acabam e a dor dos que não acabam, sem nunca ter certeza em qual dia da semana estamos.
Esperando um recado reanimador, qualquer coisa que tornasse a vida mais suportável, menos idiota.
Esperando ser salva e tendo cada vez mais a incômoda certeza que ninguém salva ninguém da própria vida,nem sequer nós mesmos, que todo mundo acaba se acostumando com a textura e a temperatura da lama em que está afundando, com preguiça e ressaca demais para sair dela e com a presistente e igualmente incômoda sensação de que tudo ao meu redor está sempre morno e azedo como vômito.
Na agonia de uma espera que parece nunca terminar.
(Carolina Veríssimo)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Qualquer


Qualquer lugar da onde eu nunca saia a tua espera
Qualquer tempo que não me envelheça enquanto isso
Qualquer idade que não chegue ,que não passe
Qualquer azul que jamais se desbote e torne-se cinzento.

Qualquer ideal que jamais perca o sentido
Qualquer pessoa que não nos desaponte
Qualquer pedaço de pano que nos aqueça
Qualquer pão que nos amenize a fome.

Qualquer cura para qualquer doença
Qualquer espetáculo bizarro ante aos nossos olhos
Qualquer flor murchando, petála caindo , ou despedida.
Qualquer éter, fuga em qualquer direção...

Qualquer coisa que a nossa imaginação sustente
Qualquer medo que não nos abandone
Qualquer vestígio de originalidade que nos sobre
Qualquer riqueza na mão de qualque pobre.

Qualquer veludo para o nosso tato
Qualquer prazer, qualquer ilusão
Qualquer vazio é o mesmo, é fato
Sem que jamais entendamos senão.

(Carolina Veríssimo)

terça-feira, 13 de julho de 2010



Se o amor chegar e for embora mande lembranças minhas
Faz tempo que não o vejo, talvez tenha mudado
As coisas todas mudam, porque não o amor?
Talvez tenha ele se tornado um velho que não sai mais de casa com dores de reumatismo.
Talvez tenha esquecido os que estiveram perto
Talvez tenha a mesma tosse de cachorro todas as noites
E ainda por cima se bata na cama...
Talvez tenha ficado sozinho depois que as últimas visitas se foram depois de ter tomado toda sua vodca...
Talvez o amor tenha ficado sozinho no mundo e não tenha telefone.
Se você ainda vier a conhecê-lo mande lembranças
Já fomos chegados, jogávamos uma biribinha, uma sinuca em outros tempos.
Ele sempre ganhava e eu não sei se por trapaça ou ligeireza.
Ele sempre foi melhor nos jogos do que eu.
Mas quando eu olhava seus olhinhos muito claros e lhe mostrava minhas poesias, ele lamentava a minha incapacidade de jogar seus jogos.
E me deixava muda enquanto eu engolia uma lágrima em forma de fungada.

(Carolina Veríssimo)

terça-feira, 29 de junho de 2010

Agora o meu silêncio me entrega
Finjo não sentir, não ver e não querer.
Preciso me anestesiar com qualquer coisa
Preciso parar de sentir urgentemente.
Urgentemente é que aguardo o momento do dia em que vens
e com as minhas urgências estúpidas e delirantes é que sempre acabo me ferrando
Urgentemente é que dou cada vez menos tempo pra mim,
Urgentemente não resolvo nenhum problema.
Urgentemente calo este poema de uma vez por todas.

Carolina Veríssimo

quarta-feira, 23 de junho de 2010

"abstração
s. f.
1. Consideração exclusiva de uma das partes de um todo.
2. Operação intelectual pela qual se faz a a !abstração propriamente dita.
3. Fig. !Distração; arroubamento de espírito."

tirei daí ó :http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx


Uma das coisa mais preciosas que perdemos na primeira infância é a capacidade de abstrair. Eu explico: quando você brinca com um bebê de esconder o rosto entre as mãos e diz "cadê a mamãe???" e o bebê, não compreendendo que a mamãe está atrás das mãos dela, fica intrigadíssimo com o milagre que ela faz aparecendo e desaparecendo imediatamente, o bebê está abstraindo, ou seja, o que eu não vejo não está lá e foda-se.
Abstrair é preciso em alguns momentos da vida, para amenizar o sofrimento para nós livrar do tédio ou mesmo para nos fornecer a quantidade exata de ilusão para suportar alguns fatos da vida que nos envelheceriam demais.
É necessário abstrair para continuar se apaixonando da mesma maneira que se fazia aos 15 anos. é necessário abstrair para ter esperança num mundo que já está se auto destruindo desde muito tempo.
Abstração é a solução. O que não é visto não é lembrado. É isso aí.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Corte de cena


A paixão para mim sempre foi melhor por escrito. Nas histórias tudo sempre acaba bem pelo menos para alguém e há sempre alguma mensagem moral que justifica s dificuldades atravessadas.
Sou totalmente a favor de quem escreve cartas (ou hoje em dia emails) de amor. Tudo soa bem melhor por escrito que dito oralmente.
A paixão nas palavras é absolutamente mais poderosa e devastadora. Bilhetes não gaguejam, por escrito não se titubeia.
Literariamente nada pode sair do script, não ensaiamos milhões de vezes algo que acabamos filtrando para falar. Até a frustração fica melhor por escrito.
Se a noite passada fosse uma encenação imaginada por mim, com cada ato por mim imaginado eu teria mantido da versão real a chuvinha fina caindo e a luz difusa do poste, trocaria os diálogos de certo pois foram entediantes, falas longas, cansativas, trocaria os atores, muito canastrões esses dois aí ,colocaria talvez a Claire Danes e o Leo di Caprio (Como em Romeu e Julieta)... e definitivamente tudo acabaria em uma cena quente digna de um seriado nacional (Engraçadinha ou Hilda Furacão, talvez)... É claro também tiraria todo e qualquer figurante que fizesse cagada, (tipo olhar a câmera ou plateia). Só os dois em cena, a chuva caindo e a luz difusa do poste.
Eles se olham, ela sorri, ele diz que adora o sorriso dela e ela diz olhando nos olhos dele ( e não olhando pro chão feito uma adolescente idiota) Eu quero ficar com você (e não o tímido "eu gosto de você"), então ele a beijaria e corta pra cena A la Nelson Rodrigues.
Saco de realidade. Acho que vou morar no meu blog.

(Carolina Veríssimo)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É faminta de versos e emoções que te devoro
Diversos são os motivos que nunca entendo
Eterna é a minha fome sem fim...
É febril que sussurro teu nome de madrugada
Enquanto reuno forças para partir.
Deixar-te para trás como o que não me serve
Esquecer apenas e seguir
Sem o receio de ver teu rosto virando a próxima esquina.

Carolina Veríssimo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Sylvia Plath é minha nova paixão
pelo que sinto em suas palavras
por seus poemas parecerem beijos no pescoço
por me fazerem sentir confortavelmente quente e compreendida.


Escorrego os dedos sobre tuas pernas
Percebo o calor na noite fria
Sinto o hálito de vodka misturado em nosso beijo
Era pinga, tequila e desejo.
Tudo sempre tão alcólico
Tudo tão meu e teu, imcompreensível aos outros
Vazio aos olhos do mundo
Cálido para meus dias vazios
Onde sobrevivo de lembranças
Todas tão cruas e cruéis
Tudo me consome o tempo todo
Como um maldito vício inadmissivel
Tudo te estreitar nos braços
Como Pandora a puta ancestral
Te apresento os males do mundo
Crueldade e desejo de que amadureça.
(Carolina Veríssimo)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Queria deixar o melhor de mim florescer
E entre uma podridão e outra até consigo
Procuro algo mais que um ombro amigo
Para aplacar o vazio que que eu tenho.

Tenho coisas boas pra quem ficar perto
Tenho girassois, mares e um deserto
Feito ademais pelo que desconheço
De todos os finais até o meu começo.

Prefiro hoje outras coisas á paixão
Uma outra gama de prazeres imediatos
Um tanto mais frios ou inexatos
Pelas narinas noite após noite.

Atiro as minhas dores pela janela
Nem a solidão já não é mais aquela
Nem a sós enfim fico sozinha
Apegada a minha dor e a calma minha.

(Carolina Veríssimo)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

POKER FACE


Será que não poderíamos simplesmente parar de blefar?
Jogar as claras e dizer o que sentimos?
Será que tudo um dia poderia ser do meu jeito?
Fazer logo de uma vez o que precisa ser feito.
Estou cansada do seu joguinho de esconde- esconde
Onde eu nunca encontro o que eu necessito.
Estou cansada de sentir esse desejo desmedido ,incansável e aflito.
Será que você não poderia simplemente falar
Tudo seria tão mais fácil,menos cretino
Enquanto fico aqui sentada esperando o destino...
As coisas acontecem, fico mais distante e solitária.
Eo pior de tudo sentindo-me tão otária.
Esperando o dia de você crescer
Olhando o tempo, o destino ou sei lá o que.

Carolina Veríssimo

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Velhice Precoce


"

Jurei mentiras
E sigo sozinho
Assumo os pecados
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido...

Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Uh! Uh! Uh! Uh!
Minh'alma cativa...

Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo...

E o que me importa
É não estar vencido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Minh'alma cativa..."

(Ney Matogrosso)

Porque a letra dessa música hoje? Eu nem era nascida quando esse disco saiu, mas hoje me sinto nostálgica, com dores nas costas e de chinelo e meia falo sobre o meu sentimento de velhota nessa tarde.
As vezes acho que todo mundo sente saudade das coisas que gostaria de ter vivido e não deu tempo. Da onde vem essa nostalgia primária é que desconheço. É meio clichê mas todo mundo á teve arrependimento pelo que não fez e saudade de um tempo que não chegou a presenciar.As pessoas dizem que aparento menos idade que tenho, mas sinto como se eu fosse muito mais velha.Vivida, experiente com uma eterna sensação de dejavü... tipo aquela pessoa que prevê os namoros que estão fadados ao fracasso, as pessoas que estão metendo s pés pelas mãos antes delas próprias pelo simples fato de que já fez muita cagada.
Tenho uma conhevida que diz " tenho 38 fora as horas extras..." isso traduz meu estado de espírito com relação a idade e vivência.
Sofro de velhice precoce, não aquele grau em que a pessoa aos vinte anos está em casa tomando sopa e vendo a reprise do último capítulo da novela num sábado a noite e com a casa toda trancada por medo de assalto... Mas em um grau em que eu simplesmente consigo antever as coisas e aconselhar os outros... o que torna os dias comuns mais ou menos muito chatos.
Envelhecer precocemente nos torna meio que permanentemente entediados.
Mas tambem que se viveu com horas extras, que se engoliu todos os prazeres e as loucuras sem imaginar que se ficaria sem assunto tão cedo. Como ler um livro rápido demais e ficar sem nada pra fazer o resto do fim de semana... quando se conforma a gente veste o pijama e quando não se conforma fica tentando beber uns goles da juventude alheia.

(Carolina Veríssimo)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu também me senti uma melancia.



Sabe o romance da Marian Keyes chamado Melancia? Pois é, comecei a lê-lo ontem e fui às lágrimas ao ler nele uma outra versão da minha própria história de separação pós-parto. Revivo com uma intensidade que não me permiti na minha própria vida, o drama de Claire, a personagem central, que no dia em que o filho nasce se separa do marido James quando o mesmo a comunica do caso que mantém com a vizinha de baixo.
Nessa parte a história é um pouco diferente da minha, foram outros os meus motivos e diversa a maneira como a coisa se deu, mas me surpreendi com a exatidão em que a personagem descreve como se sente:uma melancia, redonda, verde, enorme e cheia de água...sem entender patavinas da bagunça que foi feita em sua vida.
Claire (a protagonista) descreve o quanto se sente perdida, como se fosse pior que se lhe tivessem arrancado um braço ou uma perna e fala da dor da perda num momento onde estamos programadas para sermos cuidadas e não para lidar com um fim de relacionamento seja por abandono (no caso do livro) ou inaptidão para continuar engolindo sapo (no meu).
Foi um choque muito grande ter que lidar com as minhas próprias emoçoes descritas em um best seller e mais chocante ainda o quanto eu não permitira passar pelo processo de luto pela perda e ficara me fazendo de forte todo o tempo.
Fui para terapia, academia, voltei logo ao trabalho, dediquei-me o melhor possível minha pequena Isis para não olhar o quanto aquela sensação de perda me era desconfortável, então eu não me permiti ser uma mulherzinha e sofrer "por aquele um" (pelo menos não publicamente) e me dediquei a me fazer de forte e declarar aos quatro ventos que estava tudo bem. Eu precisei de um livro pra me fazer declarar meu luto pelo fim de um sonho, da minha decepção, da minha sensação de impotência.
Venho entendendo pouco ao pouco que não se deve envergonhar por não ser de ferro.
Eu optei pelo amor próprio e segundo a presonagem de Marian "O amor próprio não mantém você aquecido a noite. O amor próprio não escuta você no fim de cada dia. O amor próprio não lhe diz que prefere fazer sexo com você do que com a Cindy Crawford."
Mas o amor próprio faz você sobreviver sem tudo isso e se orgulhar depois.
Coisas de melancia: casca grossa e água por dentro.
(Carolina Veríssimo)

sábado, 22 de maio de 2010

Incubus & Sucubus ( ou sobre desejos perversos)



(INCUBUS E SUCUBUS: lenda medieval sobre demônios que invadem os leitos e praticam sexo com as pessoas.Não sou satanista, mas achei o tema deveras excitante. Por isso escrevei esse poema,sobre todos os nossos desejos demonizantes e demonizados que são tão bons que teimamos em não exorciza-los.)

Sou concubina de Incubus
No meu próprio bordel astral
Escrava das fantasias
Do meu inferno carnal
Sofro injúrias, escárnios
Todos farão de mim
Das mil fraquezas que tenho
Arranco forças sem fim.
Temo a serpente vermelha
Que se apossa do meu ventre
Se enxergar a porta aberta
Amigo favor não entre.
Em silêncio essa noite
Nada fará mais mal
Sucumbo bela Sucubus
Ao meu instinto animal.

Carolina Veríssimo

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cognac


Preciso anotar-te antes que fujas
Aprisionar-te em palavras
Maldito sejas! me consomes...
Expio meus pecados e os de todo mundo
Esqueço e se não te houvesse aprisionado
Não duraria em mim sequer um segundo.
Submeto-me aos desejo insano e desleal
Submeto-me ao que sei que me faz mal.
Um cigarro no outro eu sempre acendo
E de me consumir eu nunca me arrependo
A noite deixo entrar em mim pouco a pouco
Enquanto me conveço que não estou louco.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Intensidades


Intensamente é que trago a fumaça dos teus olhos
e os rasgos da nossa realidade de madrugada.
Te compro doces, te limpo o nariz e te explico o que é vanguarda.
Não chego a altura dos teus ombros e não passas de um menino grande.
Não sei o que aconteceu a minha rima, não sei onde perdi meu maço de metrificados
me vê o seu isqueiro por favor?
Hoje não quero mais que andar contigo fora da calçada, quero a tua admiração assustada.
quero teu corpo pra violentar com todo meu amor que apodreceu.
Te odiaria se tu não me inspirasse ao menos uns versos.
(Carolina Veríssimo 16/05/2010 para M)

Elementar


Sou parte elementar e meio etérea De natureza um tanto quanto aérea Me perco as vezes em qualquer lugar. Do tanto elementar de que sou feita Terra,fogo, água e ar Quem poderia então imaginar Que belos frutos, que farta colheita! Meu outro tanto, o tanto pensamento Cultua não as estações mas sentimento E é mais fértil que a porção falada. O lado pensamento alado voa Enquanto o lado Eva, cultua e vive e ama e sente e sofre todos os ciclos.

(Carolina Veríssimo 16/05/2010)

domingo, 16 de maio de 2010

Relógio Digital


Meu descompassado coração
Estreita tua ausência
Em um abraço com a solidão
O calendário, o cuco, a cama em que tu deitas
A rua em que seguro a tua mão
Nenhuma esquina dobra mais do mesmo jeito
Quando você sorri ou quando diz não.
O relógio digital não marca minha espera
Porque desaprendeu a tiquetaquear
O meu coração em vão já não se desespera
Porque já aprendeu a ver o tempo passar.
Espero um telefonema, um fim de semana
Espero paciente tudo se resolver
O tempo escorrendo feito meu desejo
Eu fico esperando algo acontecer.
O meu coração ainda é de ponteiros
Tem que dar corda, tem que acertar
O meu desejo escorre lento feito o tempo
Que nenhum relógio saberá contar.

(Carolina Veríssimo)

(Achei esse poema uma bosta, com cara de música sertaneja, mas resolvi postar porque não estou me cobrando escrever mais só coisas boas.E o dedico especialmente o ao W.)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Difícil Prática do Desapego


"Você só sabe realmente o que é o amor depois que é amado por um pássaro."

Existem um milhõao de citações, frases e teorias sobre as relações de amor/ felicidade / dependência emocional. Quase impossível não ser clichê.
Quando você se apega a alguma coisa ou indivíduo necessariamente, em algum momento você sofre, porque nós não estamos preparados para lidar com o fato de a outra prssoa frustrar as nossas expectativas.
Há muito tempo, eu li uma coisa que só recentemente pude compreender o que significa, se chama " ORAÇÃO DA GESTALT" e diz:
"Eu faço minhas coisas, e você faz as suas. Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu,
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer."
(Frederick Perls)
De fato é muto mais complicado assumir a responsabilidade pela nossa própria felicidade. É mais cômodo deixar outra pessoa nos fazer feliz, o problema é que a felicidade é uma coisa diferente para cada pessoa,não da pra generalizar, por exemplo, se o fulaninho que quer ser bacharel em direito decide namorar a beltraninha da naturologia, os dois até podem dar certo, de encontrarem um denominar comum, agora se um dos dois quer viver um amor numa cabana e o outro e super cosmopolita a coisa desanda, porque num certo momento a coisa vira um jogo do perde perde, onde cada um, na tentativa de deixar o outro mais feliz se faz mais infeliz e logo aparecem as cobranças:"eu deixei de viajar para ficar com você" ou "você nunca vê o quanto eu me esforço para a nossa relação dar certo".
As pessoas em geral se apavoram com a possibilidade da solidão sem ver esta pode favorecer um momento de criatividade ou os estudos ou até uma busca por um trabalho melhor.
Hoje eu quero me convidar para ir ao cinema, não porque ninguém o faça, mas porque quero apreciar minha própria companhia.
E se aparecer alguém para uma dança, um amor ou sei lá o que eu quero aprender a deixar livre e fazer disso a minha mais pura prova de amor.
Quando se deixa alguem que se ama partir, você tem o prazer de saber depois que ela voltou porque quis.

domingo, 9 de maio de 2010

Tem uma história que ouvi sobre a origem do Dia das Mães que vou recontar aqui da forma como me lembro. Se não me engano foi algo que recebi por email há algum tempo. Conta-se que um publicitário estava quebrando a cabeça para esquentar as vendas fora da época do natal, então ficou pensando em instituir outros feriados em que as pessoas também trocassem presentes. Logo pensou , se comemoramos o aniversário de Jesus poderíamos comemorar o aniversário dos apóstolos, que eram doze então teríamos 12 natais, um por mês, entusiasmado apresentou a idéia a seu superior, que achou uma merda, então voltou indignado para sua sala pensando "onde é que eu vou arranjar mais dinheiro pra aquela velha cretina perder nos cavalos???", então ele criou o dia das mães.

Diálogo ocorrdo entre eu e uma pessoa por telefone:
_Eu queria me redimir contigo...
_ Tem milho em casa?
_ Que?
_Milho... de pipoca. Tem?
_ Tem porque? que vir aqui comer pipoca?
_ Não, joga o milho no chão, ajoelha em cima aí eu te desculpo....

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PEN DRIVE



"OUSE POIS O INFERNO PERTENCE APENAS AOS MEDÍOCRES."

"Nunca vi um débil mental hesitar, todo imbecil é convicto. O inteligente não tem certeza de nada."
(Oswaldo Montenegro em entrevista a revista Trip)

Eu espero realmente que mediocridade não seja sexualmente transmissível e nem contagiosa por vias aéreas.
Acho que não é... é como um cheiro de esgoto a céu aberto mas se você passa por ali e vai embora não se contamina, e se tiver que ficar perto basta tampar bem o nariz.
Quando se é fora da média tem-se dificuldade de entrar numa calça (se o que estiver fora da média for a bunda) ou em ambientes, se o que tiver ocupando muito espaço for a cabeça da gente.
As vezes tenho a sensação de as mãos estarem fazendo algo que precisa ser feito mas a cabeça está fluindo em outra frequência, ou com aquele refrão maldito que não sai de lá de dentro da caxola, ou a vontade de fazer um desenho, ou uma pessoa, ou mesmo a dúvida cruel se deixou a luz da cozinha acesa ou apagou.
Quem me conhece um pouquinho aprendeu a diagnosticar esse estado e normalmente diz algo do tipo "por onde está voando Carol?"ao que normalmente eu respondo um lacônico "nada" ou mesmo "que???" e volto a pensar se o celular deve ter ficado sem bateria ou o que.
Tem um livro do Paulo Coelho, que fala sobre isso e chama esse fenômeno de segunda mente mas agora não recordo qual é o livro.
Essa outra frequência em que a cabeça da gente trabalha e faz tudo com o nosso disco rígido enquanto levamos nossos pensamentos mais criativos num tipo de pen drive (para ouvir música escondido).
Então enquanto fazemos um relatório chatíssimo, por exemplo, em algum lugar da nossa cabeça está tocando Lucy in The Sky Whit Diamonds e conseguimos suportar um pouco melhor o jeans apertado do mundo cotidiano.
Hoje quand0o aquela sua colega estiver contado sobre a joanete dela ou dando o livrinho do Avon pra você ver, vou sugerir um poema do Neruda pra vcoê abstrair na hora.

"Te amo, te amo, é minha canção
E aqui começa o desatino.

Te amo, te amo meu pulmão,
te amo, te amo minha videira,
e se o amor é como vinho
és minha predileção
desde as mão até os pés:
és a taça do depois
e a garrafa do destino.

Te amo pelo direito e pelo avesso
e não tenho tom nem tino
para cantarte minha canção,
minha canção que não tem fim.

Em meu violino que desentoa
te declara meu violino
que te amo, te amo minha violoncela,
minha mulherzinha escura e clara
meu coração e minha dentadura,
minha claridade e colher.
meu sal da semana escura
minha lua de janela clara."

domingo, 2 de maio de 2010

Buraco sem fundo

Nas ocasiões das festas de fim de ano e aniversários da minha infância, após perseguir longamente o prato da linguicinha (praticamente não desgrudar dele) ou comer o trigésimo oitavo brigadeiro, costumava ouvir os adultos dizerem "essa menina tem um buraco sem fundo". E se naquele tempo o buraco do estômago era sem fundo com o tempo outros buracos foram aparecendo muito mais incomensuráveis que um apetite infantil em dia de festa.Inclusive um buraco no próprio estômago afinal tanta consumição ia acabar numa gastrite um dia.
Fico parada na beira do meu buraco sem fundo olhando quantas coisas já perdi dentro dele, namorados, que depois que viram ex ficam todos tão iguaizinhos, já foram o amor da minha vida e depois descobri que nunca me preencheram por completo. Tem coisas ali de todas as minhas fases, da criancinha assustada e torturada pelos irmãos(um irmão, e três irmãs, eu sou a quarta filha e tem uma caçula, faça as contas ao todo 5.) , da adolescente com crise de patinho feio e desesperada por amor, o desespero por amor em diversos outros momentos...
Da garota que pensou já que não sou bonita eu posso ser sexy então serei amada e descambou numa grandissíssima vagabunda até se dar conta do quanto era patética fazendo aquelas coisas com cara de fodona e resolveu se emendar e virou mãe ( com um dos ex namorados iguaizinhos).
Agora o resto que sou de todas as minhas decepções está paradinho na beirada do buracão assustador tentando entender o que faltou de fato naquele espaço, cogitando se ali, naquele aterro sanitário das emoções houvera caído um meteoro ou um tiranossauro rex na pré -história cavara aquilo ali pra enterrar alguma coisa e foi interrompido deixando o buraco ali.
Tudo o que foi colocado dentro do meu buraco caiu e se perdeu lá dentro e agora fico tentando pescar as coisas dentro do meu vazio emocional pra me entender um pouco mais.Melhor seria seo tiranossauro tivesse concluído o serviço.

domingo, 25 de abril de 2010

Sobre Christiane e olhares raivosos.


O filme Christiane F,13 anos, drogada e prostituida e baseado num livro sobre uma garota alemã que achava que a vida era uma merda e depois de usar Heroína teve certeza.
A história em si é cheia de obviedades que talvez não fossem tão obvias na década de 70.
Tem um diálogo no filme em que uma garota diz a outra " se não usar camisinha pode pegar doença na boca", quanta inocência, naquele tempo nem existia HIV ainda, eu acho.
O que salva é a trilha sonora e a parte do show do David Bowie (onde ela ainda tomava boletinha só).
Se na década de 70 a podridão estava porr toda parte e entrava pelas veias dos viciados desesperados, hoje é um pouco pior, existe mais desespero e novas drogas... e Bowie já é um coroa...
Chris, que compartilhou tão generosamente sua miséria com a gente tornando-se íntima dos que conhecem sua história, recaiu anos depois e seu filho vive em ma instiuição para menores nos arredores de Berlim.
Pobre garota descobriu que o mundo era muito mais podre do que pensava.
Vivemos num mundo onde todos ou quase todos já olham para trás com raiva. Igual a música do Bowie. Igual a Christiane e tantos muitos outros.

sábado, 24 de abril de 2010

Mais uma aventura do urubu verde.


"O homem pode, é certo fazer o que quer, mas não pode querer o que quer" (Schopenhauer)
Tirei essa citação do seguinte blog :
http://ofilhododono.blogspot.com/2010/03/o-homem-pode-e-certo-fazer-o-que-quer.html
então se alguém diagnosticar que afrase não é do tal alemão, avisa o cara aí também.


Ontem mesmo conversava com alguém sobre querer as coisas e pessoas erradas, sobre a tal moral que anda o tempo inteiro com uma faca no nosso pescoço para punir qualquer maldade (pretensa) que imaginamos. Por exemplo quando desejamos que certo rival receba uma proposta irrecusável de emprego em outro sistema solar e ACEITE.
Ou simplesmente a antiga companheira que tenho, a minha vontade de desaparecer ( as vezes da certo).
Tem umas coisas terríveis que a gente se atreve a pensar as vezes sobre as pessoas. Mas se for pensar bem porque todo mundo insiste em tentar parecer tão bonzinho sempre...
Porque somos treinados para esse altruísmo fajuto que da de si mesmo quando se sente amputado fazendo isso?
Porque achamos sempre que temos que satisfazer os outros e não a gente mesmo?
Estou farta das mocinhas de novela do dia- a dia, cansada dos bons moços.
Desculpe, eu sempre preferi o lobo mau.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Esperança


"A esperança é um urubu pintado de verde."(Mário Quintana, é o que diz o tio google,pelo menos,mas não tenho certeza se é dele essa frase .)
"Torço muitíssimo para que você tenha perdido o celular, ficado sem internet, amputado os dedos e por um desses motivos ou mais é que não tenha me respondido o que te escrevi. Eu sei que peguei pesado, falei por enxurrada, lembra quando eu me referi a diarreia emocional? Agora você entende o que eu quis dizer. Eu sei que não fica nem bem na minha idade tanto extremismo, um romantismo tão exacerbado, sei que eu deveria ponderar mais, mas não pondero, não sei como se faz, simplesmente não consigo. A minha vontade é tão insana e absurda que chega a provocar tremores,febres e pesadelos. Nunca entendi porque te quero desse jeito. Nem da outra vez nem agora. É como se eu estivesse sendo movida pela própria força que me consome... eu não estou enxergando um palmo na minha frente. Faria até panquecas no café da manhã pra você, mas não sei ligar o fogão. Que tal um sexo oral? Será que o amor é essa coisa torta?(não essa coisa torta) me refiro a esse sentimento torto atordoante que atualmete faz parecer que vou parar de respirar se você ficar longe ou enlouquecer completamente se você ficar perto mas quiser ser só meu amigo."

Isso não tensiona ser literatura e sim um desabafo compartilhado.
Não tem a menor intensão de parecer chantagem emocional, e não me importo como as pessoas vão julgar isso.
Apenas gostaria de externar para o mundo a carta que não tive coragem de mandar a uma certa pessoa, na esperança de que essa pessoa leia de maneira mais impessoal no blog e em último caso eu possa negar até a morte que foi pensando nela que escrevi as tolices acima.
Tudo isso na atitude bizarra e totalmente suspeita de retocar as penas do meu urubu verde.
Não é fácil pra mim escrever expondo o meu lado mais frágil romântico e inseguro, mas considero uma experiência edificante e corajosa, exibir a Carolina mais verdadeira que nenhum dos meus outros blogs jamais viu antes.
Pasme quem leu os contos da perversa e não reconhece nessas palavras a mesma pessoa.
Sim sou eu, as mesma carne e os mesmos ossos atras de um teclado muito parecido, só que ansiosa por emoções verdadeiras, farta de "sefazol', com pressa de ser compreendida como um ser humano, e profundamente inspirada a falar disso com quem se dispuser a ouvir/ler.
Foda-se quem preferia o sarcasmo, mas ele deixou de servir como um jeans que apertado esqueci no armário. Quero ser vista, sem máscaras ou personagens.
O desamor, a frieza e o cinturão da mulher maravilha não combinam mais comigo. E embora não me veja de avental fazendo panquecas para ninguém, deixei de me enxergar com antes.
Sobrou uma dose de inquietação pra sobreviver ao tédio impagável e implacável, para não ser engolida pela rotina ou sufocada pelo comodismo.
Não desejo me acomodar, pelo contrário desejo um par pra se inquetar comigo.
Ou me acostumar sozinha mesmo, que solidão a dois ou em grupo é a pior coisa, mil vezes falar sozinha na frente do espelho (uma antiga mania).

Outra do Quintanão:
"POEMINHA DO CONTRA
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"

terça-feira, 20 de abril de 2010


Terrível é sentir-se emborcada, escorrendo esvaziando-se sem fim, terrível é a desesperança...
O cansaço toma conta dos locais aonde o tédio ainda não se instalou.
A música entristece mais do que distrai, o nó na garganta nunca nunca deixa de oprimir.
Espera-se muito pouco e até as migalhas andam se tornando objetos de luxo. Que se esmigalham ainda mais qunado se tenta esconde-las da gula alheia nas mãos apertadas.
Estou cansada demais para mendigar, atirei longe a minha cuia...
Onde encontrar algo que me satisfaça nas minhas sedes e apetites mais primitivos?
Por onde vedar o ralo do meu vazio interior, como parar de escorrer?
Vejo-me sentada no fundo de uma piscina vazia sem saber como fui parar lá e nem como sair.
Estou gasta, preguiçosa de tudo, a contar moedas de madrugada.
Nunca mais soube o que era desejar de verdade, só desejos paleativos, esparadrapos emocionais, placebos que parecem remediar mas só enganam.
Tem uma criança indefesa dentro de mim, que eu espanco quando chora demais sem saber que é em mim que direciono com raiva minhas proprias bofetadas.
E e ela começa a devorar minhas paredes com sua boquinha lamuriosa, enquanto tento não perceber o quanto o buraco que era eu parecia aumentar...

sábado, 17 de abril de 2010

Talvez um dia tudo seja bem mais do que apenas fragmentos.
Coisas esquecidas, depois relembradas, mas sempre aos pedaços,sempre sem saber o que de fato deu errado.
Eu dei errado, estou cansada demais pra ficar tentando remendar as coisas.
Preferi um tipo de quase solidão... um tempo a mais de pijama em casa, observando o esmalte gasto, o banho por tomar,o tudo por fazer enquanto nada acontece.
Quase não tenho paciência pra mais ninguém tanto quanto quase ninguém mais me aguenta.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Repetitivamente


És todo círculo, repetição e dejavü...
As mesmas mãos, a pele igual, também os olhos eram idênticos aos do retrato imaginário que eu guardava.
Igual sentado no mesmo lugar me esperando, idêntico nos modos delicados...
Idêntico o desejo regado a vinho...exatas as lembranças das mesmas coisas.
"Lembro exatamente da tua geografia"
Tudo são apenas línguas e dedos deslizando na pele...o desejo foi inteiro conservado...
"Quanto tempo se passou?"
"Parece que o tempo não passou..."
Iguais os lugares, idênticas as sensações e vivas as lembranças.
Você viu a face transtornada
"Por favor não fuja"
E só água do mar, e você não imagina o quanto pesa levar um oceano dentro. (Carolina Veríssimo)

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Denovo, tudo denovo....
Parecendo demais como me lembrava de você.
Gosto de vinho e cigarros como da última vez.
Água salgada vinda de dentro como você se lembrava.

Denovo, tudo denovo,
Admito que sentia falta de me sentir assim
A moça de luto que pôs uma rosa nos cabelos,
e dançou sozinha no seu quarto de olhos fechados.

Denovo desejo completo, absurdo, incoerente
Pernas e braços, algum dia eu deixei de te abraçar?
As lembranças estão vivas, quanto tempo faz...
"Aprenda a observar o tipo da uva escrito logo embaixo da marca do vinho"

É tudo apenas uma repetição ou uma chance de retomar de onde paramos?
Será que vou um dia saber o porque ou onde nós erramos?
Apenas segure a minha mão, as ruas aqui são as mesmas ainda.
Apenas vamos caminhar na noite que está escura e linda .

A nossa esquina de estimação ainda estava no mesmo lugar
Com essas lembranças onde vou parar?
Agora, mesmo com tudo tão igual e diferente
Porque a mesma coisa acontecendo com a gente?

terça-feira, 30 de março de 2010



As vezes a vida nos traz de volta nossos assuntos mal resolvidos antes do que pensávamos revê-los.
As vezes demora e a gente esquece que esqueceu de resolver alguma coisa que ficou pra trás.
Fato: tudo que não se ajeitou, não se ajeitou mesmo e não adianta fingir o contrário.
Os esqueletos acabam saindo do nosso armário.Quase sempre piores do que os deixamos...Mas como meu objetivo não é sair por aí "auto ajudando" ninguém e sim repartir minhas esquisitices com todo altruísmo que possuo aí vai:
Não conheço o amor,me refiro a esse amor romântico, de casar, felizes para sempre e talz. Conheço meu amor de filha, que é torto, revoltado,crítico e cruel e o meu amor de mãe, que fez meu melhor lado aparecer.
Esse amor que se vive a dois, o tal do que fica depois que a paixão acaba, pra mim é uma definição abstrata,algo que nunca vivi. Paixão por sua vez é algo que eu conheço de cabo a rabo, das borboletas no estômago a ressaca moral de depois que acaba e o vazio que fica depois disso e o perdão pelas mágoas causadas que vem mais depois ainda.
Em paixões sou PHD, mas o tal do amor pra mim é mistério, e eu prefiro pensar que é mistério pra não pensar que se resume ao que eu já conheço.
Porque o que eu conheço não se parece em nada com o jeito que eu queria que ele fosse.
Eu queria que o amor fosse surpresa diária, ganhar flor sem ser aniversário ou dia dos namorados, e aconchego feito domingo a tarde em baixo do edredom comendo brigadeiro, mas que fosse intensidade, como ser vista como indivíduo na vertical e fêmea na horizontal. Sem que uma coisa invada a outra.
Eu queria que o amor não fosse embriagante pois pra isso existe a pinga né minha gente?
Eu queria que o amor fosse compreensão sem que se deixasse de apreciar a beleza da individualidade. E que o mistério do outro fosse tão maravilhoso e tão amado como a parte vista.
Bem, talvez isso tenha outro nome que eu também desconheça. De todo jeito eu espero poder sepultar decentemente cada um dos meus esqueletos no armário pra não acabar feito a Deneuve no "Hunger".

(Carolina Veríssimo)

domingo, 28 de março de 2010

Harley Davidson



Domingo final de tarde, a pequena brinca, preguiça...
Penso nas coisas que detesto,como quando as pessoas usam a sua idade para garantir credibilidade, por exemplo "eu tenho 60 anos acredite em mim!!" ou " você é nova demais para compreender certas coisas". ( como se não se pudesse aprender as coisas antes ou como se todos os velhos fossem obrigatoriamente honestos).
Domingo preguiçoso e visita de parentes só memo pra pensar na vida...
Li em algum lugar "ouse pois o inferno pertence aos medíocres".( quantas vezes fujo da mediocridade como quem corre da chuva em baixo de um jornal!)
O trabalho cansa, Isis me sorri com seus 2 novos únicos dentes e percebo o mundo envelhecendo em torno de mim enquanto me remoo com a minha eterna inquietação com não-sei-o-que...Pensando que eu gostaria de comprar uma Harley Davidson, um apartamento ou no mínimo uma sanduicheira pra derreter o queijo do meu misto quente.
Pensando que nas coisas que deixei de esperar que aconteçam, nas que não quero simplesmente, nas que quero mas não posso nas que posso mas não devo... e assim por diante e naquele ventinho bom no rosto que eu queria sentir sozinha numa estrada desde sempre, ou desde que me contentei com a impossibilidade de voar. Nos poucos sonhos que atiço com uma varinha como a brasa de uma fogueira quase apagando.
Nas recordações e semelhanças que ainda guardo da menina que já fui, renascida na minha filha, tão igual a mim. Das dores delícias e delírios de todos os dias, dos momentos em que bebo goles de juventude e cerveja gelada num pequeno pedaço de asfalto, onde os meninos voam.
Eles não se contentaram com a impossibilidade, perto deles retardo a morte, esqueço as inquietações, ouço músicas de um violão ou do meu proprio media player...
O tempo é algo de que nunca temos uma noção exata " as vezes parece que faz tanto tempo e as vezes parece que foi ontem" me disse alguem uma certa vez...
A única noção exata do tempo que tenho nesse momento é que logo começa o Fantástico e amanhã é segunda feira denovo.
(Carolina Veríssimo)

terça-feira, 23 de março de 2010


Minhas vontades são cor de vermelho impossível e elas fedem a vida como eu já houvera me desacostumado.
Minhas vontades tem licença poética pra quase tudo e uma lacuna moral invejável.
Elas são como ferro em brasa e suor noturno.
São como abismos no tempo/espaço ou marcas de mordidas.
São lembranças de açúcar mascavo com jasmim e assobio.
São apenas esses tons vermelhos no cetim, no cabelo nas unhas e nos lábios.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A boca da noite

Beijo a boca da noite essa madrugada
Com gosto de estrelas cadentes
Ponho a minha língua no céu da boca.
O céu da boca da noite.

A boca da noite beijou meu pescoço uma vez
E eu lhe dei um cigarro de filtro vermelho
Antes que virasse a esquina da madrugada de hoje.
E fosse dormir na sua casinha de alvorecer.

Beijo a boca da noite essa madrugada
Com hálito de vodka e quase coisa nenhuma
Parto devagar pé ante pé
Enquanto deixo a boca da noite amanhecendo.