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quarta-feira, 29 de junho de 2016
Frankie
Aquela descarga elétrica percorria meu corpo sem vida
E despertava, não o eu vivo de outrora, mas um eu monstro
Que ao julgar-se superlativo por ter roubado o fogo dos deuses
Despertou mais vil, insano e cruel...
Despertou o desejo do dejeto da minha humanidade,
E preferível mesmo seria ter-me deixado morta,
Circuitos desativados,sinapses inexistentes,
Deixa parecer inexistente
Deixa eu perecer feito demente.
Adormece o eu de mim,
Mas não acorda o outro, o monstro.
O monstro ácido a corroer o entorno
Feito peste de gafanhotos,
O monstro, aquele ente atormentado
A besta, o ser sem ser amado.
Aquele choque, a pretensões de trazer vida
Descobriu a fossa e o bueiro.
Traumas,medos, faltas primitivas
Um milhão de emoções, que reprimidas
Deram ao que querem chamar vida
Ao monstro, a isto que que hoje sou.
Desliguem as chaves, deixem-me dormir.
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Des-poema Pra Coisa Nenhuma.
Eu pouso a xícara de café, na minha memória todas as lembranças misturadas fazendo um pout- pourri do que eu gostaria que tivesse sido e não foi. E eu aqui sem entender como eu fui perder a mão, deixar escapar, perder de novo.Se é que se pode perder aquilo que foi apenas sonhado, sentido e imaginado e finalmente, sem mais nem menos:perdido.
Eu virei as costas e você sequer disse pra eu ficar, pra eu esperar, e eu fico imaginando se eu precisava mesmo ter criticado os filmes bosta que você escolheu, se eu tinha mesmo que ter mostrado o quão forte era minha personalidade, meu ativismo pra terminar esfriando o café olhando você não chegar através da janela.
Sabe, eu pensei em ir pelo caminho do clichê mas definitivamente eu fracassei. Não sei muito de realismo - naturalismo, ou apenas me nego a demonstrar o quanto você me afeta. Afeta de afeto mesmo, e aí dá medo, e você foge, e eu fujo e ninguém vive nada,e a mim sobra apenas o café frio e a vidraça fechada.
Olha, se eu pudesse tentar resumir eu sinto saudade daquilo que eu sonhei pra gente, e eu sonhei um "a gente" pra nós e por qualquer motivo você não embarcou no meu sonho... e eu nunca vou ter a cara de te dizer isso,e eu que sou tão caruda pra tanto engulo o que estou sentindo. E haja terapia, ansiolítico, texto motivacional pra superar.
Há meses atrás eu comprei um presente pro seu aniversário, e tá chegando, o que eu faço hein? Com o embrulho em meio as minhas tralhas, que não me pertence, pertence a um futuro que não vai existir. Faço verso,piada de mim mesma e sigo em frente, pra onde?nem eu sei.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
A Noite
Visto-me de negro
Lábios vermelhos
Olhos ressaltados de kajal.
Ouvidos sedentos
De solos de guitarra.
Rock'n roll all night.
Lua cheia na retina,
Me deixa louca esta noite.
O sangue corre mais rápido,
Acelerada
Insana
Ausente
Pulsante.
Aquela música
Qualquer risada
Sarcástica.
Todo gato pardo
E qualquer gata vira-lata.
Sorriso blasé
Cartas marcadas,
Pra morrer,
Cansar, tirar o sapato
Quando amanhecer.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Panapaná
Tão inadequado quanto vestir-se de colegial após os trinta,
É estar denovo assim apaixonada,inapropriadamente e sem juízo.
Como bater tua porta de madrugada.
É esquecer a condição humana
De carne a oxidar-se,
Tornar-se putrefata.
É crer-se mais uma vez com vinte anos.
É viver e morrer qualquer coisa entre um soluço e um gemido.
É se supor a prova de balas, imperecível.
Achar que o tempo, já não faz sentido
Quando me perco entre os teus braços e minhas palavras.
E me faço líquida,e me liquido...
E me faço estranha, desprotegida.
Como aquela canção dos anos noventa.
Saiu de moda caiu, obsoleta.
É este coração cá em meu peito
Querendo de qualquer modo ser borboleta.
Tóxica
Estou obsecada, já não conto
As noites febris, no teu regaço
E as aclaradas a sentir tua falta.
Estou abstinente, trêmula e sufocantente
A esperar sem ter qualquer certeza
A me expôr patética, inadequada,
Até que me percebas, compreendas.
Estou minguando a tua espera
Sufocando com a tua
Aguda e obstinada ausência.
Mergulhada solitária nas palavras
Que talvez nunca te possa dizer.
Estranho Idioma.
Amor,falai vossa estranha língua.
Dizei coisas que eu não compreendo.
Vossas falácias em meu ingênuo ouvido.
Menti amor, que já sou vossa.
Não sei se sois divinal ou diabólico.
Estou aos vossos pés avassalada.
Sois alado e eu que aqui rastejo,
Sois Amor e eu demasiado humana.
Autor de tanta covardia,
A mim só resta escrever poesia.
Errada, rota, tola e mascarada
De quem não ousa conjugar,
De quem não amaria.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Arquivo Morto
Um pudor qualquer que eu já não tenha
Minha gratuita agressividade
Meu vazio...conhecido,inorgânico,familiar
Meu medo de decepcionar.
Minha falsa modéstia,
Meus tostões furados,
Meus sapatos furados.
Meu nariz de palhaço
Os guris da escola caçoando de mim.
Meu passado que não passa.
Aquele barato que nunca bateu.
As coisas que nunca foram,
Que nunca vieram...
Colecionadas todas em pequenas caixas.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Do amor fora de contexto
Amanheço em ti e é de tarde.
Cada beijo,
A cada vez que nos olhamos.
É contigo, mesmo que não seja.
E nua,
E branca,
E tua?
E misteriosamente nos abraçamos
E não faz sentido.
Volte a ser novamente
O timbre da risada
A vibração da madrugada.
Corremos!
Partimos!
Perdemos o tempo,
O fôlego,
Os 20 anos,
A vergonha na cara.
A passagem de volta.
A vontade de esperar.
Já não há tempo pra besteiras.
Orgulho é tolice.
Apenas guarde as frustrações
E venha pra ficar.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Polaroid.
Distante aqui do teu sorriso
Dias lentos, são repugnantes...
Estou quase desaparecendo,
De uma saudade qualquer.
Como um velho retrato
Em preto em branco
Sorriso amarelo
De rir pra ninguém.
Eu perco os contornos
Perco o contraste.
Foto velha, aqui jogada às traças.
Desnecessária
Inadequada
Como um trem que ninguém espera.
Estranha
Só
E desconfigurada.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Dos Cabelos
De carregar proeminente os cachos
Minha orgulhosa cachopa cacheada
Pintada, colorida de vermelho
Para a gerra ou simples luta apaixonada.
Cheia e plenamente satisfeita
Não domam, a mim ou a meu pelo.
Vou sacudir a cabeleira ao vento.
Só pra meu simples contentamento.
E se me chamar "descabelada"
Baterei cabelo e pensamento.
Coisa de rebelde,revoltada,
Cabelo nas ventas
Alta gargalhada.
Minha juba de fêmea-alpha
Resistente.
A zona de conforto
Ao ferro
Ao pente.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Imperativo
Enxerga-me a meia luz em tua cama,
Enxurrada, alagamento e incêndio.
Dá-me o nome que preferes.
Chama-me de puta e de amor com teus olhos.
Enxerga-me, ângulos inusitados.
Olhe meu corpo e perca-se...
Ocupa-me em cada espaço,
Deixa que eu loucamente,
Te viva,te absorva...
Todo pela tua boca.
Estado de graça.
Pecado mortal.
Enxurrada, alagamento e incêndio.
Dá-me o nome que preferes.
Chama-me de puta e de amor com teus olhos.
Enxerga-me, ângulos inusitados.
Olhe meu corpo e perca-se...
Ocupa-me em cada espaço,
Deixa que eu loucamente,
Te viva,te absorva...
Todo pela tua boca.
Estado de graça.
Pecado mortal.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Adultério
Farei esta noite
Amor com meus versos
Porém pensando estar contigo
Não sei quem estou traindo
Se à poesia por te pensar em cada linha
Ou ainda a ti, por te pôr em cada verso.
Alucinada, te desejo hora muda
Pra vir gozar nos braços da poesia.
Em cada sílaba, em cada decassílabo,
Querendo estar contigo, todavia.
Amor com meus versos
Porém pensando estar contigo
Não sei quem estou traindo
Se à poesia por te pensar em cada linha
Ou ainda a ti, por te pôr em cada verso.
Alucinada, te desejo hora muda
Pra vir gozar nos braços da poesia.
Em cada sílaba, em cada decassílabo,
Querendo estar contigo, todavia.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
Gilette
Travei guerras
Por tentar ser livre
Gritei feito louca
Agudos e graves
Atrás das grades.
Fiquei ferida
Derrotada,
De outras batalhas
Sem ser heroína.
Cansada, Frustrada
Tudo o que eu mais queria
Era olhar e ver
Meu caminho aberto.
Mas as coisas não ficaram fáceis
A vida não ficou suave
Não me corrija
Eu erro por gosto
Não tenho mais jeito.
Se tomar jeito for
Seguir por um caminho
Que eu não escolhi. Cicatrizes, marcas
No meu peito aberto.
Partir-se,
Largar-se,
Pra no fim,
De certo,
Se reencontrar.
Por tentar ser livre
Gritei feito louca
Agudos e graves
Atrás das grades.
Fiquei ferida
Derrotada,
De outras batalhas
Sem ser heroína.
Cansada, Frustrada
Tudo o que eu mais queria
Era olhar e ver
Meu caminho aberto.
Mas as coisas não ficaram fáceis
A vida não ficou suave
Não me corrija
Eu erro por gosto
Não tenho mais jeito.
Se tomar jeito for
Seguir por um caminho
Que eu não escolhi. Cicatrizes, marcas
No meu peito aberto.
Partir-se,
Largar-se,
Pra no fim,
De certo,
Se reencontrar.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Carnaval
É sujo todo o entorno
As bocas, as sarjetas
E arremedos,
E reentrâncias.
O prazer anestesia
Tudo
E todos...
E ninguém mais
Se lembra
Da marmita
Faxina
Chacina
E rotina.
O fogo
Antecede a cinza.
Ao riso se
Sucede o luto.
Ao corpo
Quem me dera
Alma.
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
De insistir num passado doce.
Eu desejei, e de desejar cansada
Parti a procurar os novos gostos
Atrás de mim restaram desatinos
O meu amor e um nome tatuado.
Eu desejei e agora tenho nada
Demasiado vazia e solitária
A vagar pela penumbra
Notívaga,alheia e enfumaçada.
Eu desejei e agora estou cansada
De noites em vão desperdiçadas
Deixei pra trás o meu antigo vício
E permaneço ainda viciada.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
De um túmulo vazio.
Ai,o que eu me conheço agora
É um coração tal qual uma bigorna
A pesar aqui dentro, em meu peito.
O que digo de mim nesse momento,
É que em mim jaz feito um moribunto
Feito um cemitério inteiro, oriundo
De abrigar o que já não tem jeito.
De tudo no mundo, o que eu mais queria
É que mesmo sem anestesia
Que me arrancassem esse coração pesado.
Que coisa mais avessa a matemática
É esse coração vazio a beça
Cada dia em meu peito mais pesado.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Sismógrafo.
Tem tanto tempo
E foi ontem apenas
Lembro teus olhos
De água morna
E sobre minha face
Despejando as vezes.
Espero no lugar de sempre
Tínhamos nós um lugar de sempre??
Estás morando agora em minha mente
E em cada suco do meu próprio corpo.
Agora somos nós os mesmos poros
Agora somos conjunção sombria
E foges de mim, e já não podes.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Sobre o ser poeta.
Ser poeta não é bem um ofício.
É feito ter dentro do próprio peito
Um corvo a grasnar todo sem jeito
Tentando se passar por cotovia.
É padecer o mal de cada tempo
Ao mesmo tempo cada alegria
E entregar-se ao passar das horas
Como a tornar-se eterno cada dia.
É ser profano e crente ao mesmo tempo
Vazio e cheio do que atordoa
É ser quem se condena e se perdoa
A cada fôlego e a cada palavra.
É ser toda poesia de um dia cinza
E rejeitar-se e se criar de novo.
É atirar-se a si mesmo aos lobos
E voltar denovo e dilacerado.
Que ser poeta é ser equilibrista
E bêbado, e louco e kamikazi
E algo a sentir bater dentro do peito
E calar e tornar a sentir sem jeito.
Ser imortal e estar cansado.
É ter todo tempo e todo amor do mumfo.
E ser poeta é nunca ter resposta
É viver a cor de cada verso.
É ser mulher e palhaço
E bandido e covarde...
É comer palavras e pão dormido.
E não ser nada
E tudo ao mesmo tempo.
E ser tempo que se perdeu
É esquecimento e solidão
É ser aquele a errar no mundo
A se buscar ou acertar, senão.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
A parte.
Inquieto o peito
Sem paz, sem sentimento
Inquieto jaz sem acalento
Não descansa desde que partiste
Partiu de quem parte,de sair
Partiu de quem parte aos pedaços,
E em nenhuma parte agora eu me encontro.
Inquieto o peito,
Em parte alguma
A sentir que está
Em nenhuma parte.
Sem paz, sem sentimento
Inquieto jaz sem acalento
Não descansa desde que partiste
Partiu de quem parte,de sair
Partiu de quem parte aos pedaços,
E em nenhuma parte agora eu me encontro.
Inquieto o peito,
Em parte alguma
A sentir que está
Em nenhuma parte.
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