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terça-feira, 27 de julho de 2010

HOMENS DO MERCADO



Os homens do mercado com suas roupas de linho, hálito de deserto e corações de narguilé observam a passagem dos transeuntes em frente as suas lojas. Vêm de longe, onde não há meninas de umbigo de fora pelas ruas, onde o sol castiga de dia, o frio a noite e a guerra de tempos e tempos. Falam na sua língua "que deus te abençõe" ou então "estava escrito" e conformam-se que as coisas simplesmente são como tinham de ser. Observam a cidade que cresce ao redor das suas tradicionais lojinhas de vender tudo, têm olhos bonitos e suas mulheres dançam para eles no segredo das alcovas uma dança muito antiga.
As mulheres dos homens do mercado chamam nossos olhos quando andam na rua de véu mostrando só os olhos, muito mais do que os umbigos das meninas daqui...incrível a capacidade que olhos tem de expressar mais do que umbigos quando mostrados.
Enquanto as pessoas vão para os seus trabalhos através das ruazinhas do centro, os homens do mercado conversam na sua língua antiga como se estivessem postados ali há séculos, antes do aterro, antes do cheiro de peixe, antes do próprio mercado ou cidade.
Os homens do mercado com seus hálitos de deserto e corações de narguilé que parecem ser mais antigos que o próprio tempo...
(Carolina Veríssimo)

Um comentário:

  1. Realmente, olhos são bem mais eloquentes que umbigos.

    Retribuindo a visita e também seguindo, por gostar.

    Abraço

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