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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu também me senti uma melancia.



Sabe o romance da Marian Keyes chamado Melancia? Pois é, comecei a lê-lo ontem e fui às lágrimas ao ler nele uma outra versão da minha própria história de separação pós-parto. Revivo com uma intensidade que não me permiti na minha própria vida, o drama de Claire, a personagem central, que no dia em que o filho nasce se separa do marido James quando o mesmo a comunica do caso que mantém com a vizinha de baixo.
Nessa parte a história é um pouco diferente da minha, foram outros os meus motivos e diversa a maneira como a coisa se deu, mas me surpreendi com a exatidão em que a personagem descreve como se sente:uma melancia, redonda, verde, enorme e cheia de água...sem entender patavinas da bagunça que foi feita em sua vida.
Claire (a protagonista) descreve o quanto se sente perdida, como se fosse pior que se lhe tivessem arrancado um braço ou uma perna e fala da dor da perda num momento onde estamos programadas para sermos cuidadas e não para lidar com um fim de relacionamento seja por abandono (no caso do livro) ou inaptidão para continuar engolindo sapo (no meu).
Foi um choque muito grande ter que lidar com as minhas próprias emoçoes descritas em um best seller e mais chocante ainda o quanto eu não permitira passar pelo processo de luto pela perda e ficara me fazendo de forte todo o tempo.
Fui para terapia, academia, voltei logo ao trabalho, dediquei-me o melhor possível minha pequena Isis para não olhar o quanto aquela sensação de perda me era desconfortável, então eu não me permiti ser uma mulherzinha e sofrer "por aquele um" (pelo menos não publicamente) e me dediquei a me fazer de forte e declarar aos quatro ventos que estava tudo bem. Eu precisei de um livro pra me fazer declarar meu luto pelo fim de um sonho, da minha decepção, da minha sensação de impotência.
Venho entendendo pouco ao pouco que não se deve envergonhar por não ser de ferro.
Eu optei pelo amor próprio e segundo a presonagem de Marian "O amor próprio não mantém você aquecido a noite. O amor próprio não escuta você no fim de cada dia. O amor próprio não lhe diz que prefere fazer sexo com você do que com a Cindy Crawford."
Mas o amor próprio faz você sobreviver sem tudo isso e se orgulhar depois.
Coisas de melancia: casca grossa e água por dentro.
(Carolina Veríssimo)

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